Os ismos no comentário futebolístico
Miltonevismo: tendência que não vê diferenças entre conteúdo jornalístico e espaço comercial. Costuma confundir os que não fazem o que eles querem com inimigos da nação, passíveis de punições como notícias plantadas e insinuações maldosas que não podem ser respondidas.
Lancelotismo: corrente que inventa, ou melhor, apimenta descaradamente informações para fingir que sabe algo que ninguém mais sabe. Quando pegos com a boca na botija, não vacilam: inventam, ou melhor, apimentam, mais uma mentira, ou melhor, informação não muito exata, do tipo "era assim, mas agora mudou".
Calazanismo: corrente formada por jornalistas honestos, que gostam do futebol e gostariam de melhorá-lo, mas que vivem de um passado que nunca existiu. Como todos os cronistas esportivos de décadas atrás, acham que os times de futebol deveriam ter onze atacantes, se não é retranca. Time com defesa boa, então, sai fora! Se defesa fosse bom, a Itália ganhava alguma coisa.
Galvãobuenismo: uma mistura de todas as anteriores, sem a honestidade dos calazanistas. Os galvãobuenistas mudam de opinião com freqüência inacreditável, sempre de acordo com o pensamento da direção, é claro.
Paulocobismo: os paulocobistas são os especialistas em estatísticas esdrúxulas. Oscilam entre um "Seleção facilita o caminho para o exterior" (será?!!!!) e comparações entre terceiras rodadas de campeonatos.
Pevecismo: corrente moderna, infelizmente ainda pouco difundida, que acredita que, para comentar futebol, é preciso assistir jogos, conversar com treinadores e estudar. Assemelha-se ao maurocezarismo.
Ubiratanlealismo: nova versão do avalonismo, mas bastante melhorado. Os ubiratanelalistas não dormem, têm informações sobre times de lhamas que disputam a terceira divisão do Peru e levam suas esposas para ver jogos do Verona em plena lua de mel.
Celsounzeltismo: a exacerbação do ubiratanlealismo, com alguns anos a mais. Não há nada sobre futebol que os celsounzeltistas não saibam. Assim como os ubiratanlealistas, porém, não ficam enchendo o seu saco se você não perguntar nada. Em comparação com os ubiratanlealistas, levam desvantagem nos conhecimentos sobre lhamas e decoração de interiores.
Jucakfourismo: corrente cada vez menos difundida. Os jucakfouristas acreditam no Brasil, e acham que nosso futebol poderia ser sério e bem administrado. Chegam ao cúmulo de estender essa fé ao país como um todo, e cobram, veja você, honestidade e seriedade não só de dirigentes esportivos como também de políticos! Como têm que agüentar porrada de todo lado, são realmente muito poucos.
Renatomauriciopradismo: os renatomauriciopradistas estão convencidos de que o mundo fica na Gávea. Mais: acreditam que é possível entender profundamente de todos os esportes existentes, do boliche à cacheta. Têm, porém, um forte pelo comentário dos atributos físicos de tenistas.
Paulocesarvasconcelismo: estes vêm o mundo em outro lugar, no Leblon, mais exatamente na rua José Linhares, nas mesas do Bracarense. Costumam achar que as conversas que têm por ali podem ser levadas à televisão, e passadas como "análise". São chegados também em metáforas do tipo: "Tal jogador é que nem aquele garçom que você não consegue chamar nunca, sabe como é?"
Noronhismo: tendência quase extinta. Seus seguidores dormem durante as partidas para poupar energias para os comentários do meio tempo.
Fernandovanuccismo: Ah, Itááááááááááááááália! Cannavarrrro! Totti! A África do Sul é logo ali. Precisamos reformular, mudar, ou... mudar de vez.
Arnaldocesarcoelhismo: os adeptos desta tendência, que já foi conhecida como "corporativismo", acham que "tá cerrto o juiix ".
Marcosguiottismo: tendência que exacerba o paulocesarvasconcelismo, mas à mineira. Os adeptos desta teoria também não assistem jogos de futebol, mas os comentam. E com autoridade! Assim como seus co-irmãos, são chegados a uma piadinha para disfarçar o que não sabem bem.
Mauricionorieguismo: outra tendência assemelhada ao pevecismo, acredita em coisas esquisitas como assistir jogos de futebol antes de comentá-los, falar com base em fatos e estatísticas, não criticar um jogador com base em simpatias pessoais... enfim, tendência estranha, e pouco difundida.
Claudiocarsughismo: mais uma tendência pouquíssimo difundida. Assemelha-se ao pevecismo, mas junta a ele mais experiência, e um olhar tático importado da Itália. Chega ao cúmulo de achar que defesa pode ganhar jogo!